elis vive! [2]

Eis aqui a foto que eu havia comentado a respeito... Nós, sentados nas escadas de acesso ao Edifício Independência. Ao fundo se vê, parcialmente obstruídos pelo pilar do prédio, os dizeres "Elis vive!".

75 anos do Parque Farroupilha

Foto de André da Silva Aguiar

No domingo passado o Parque Farroupilha completou 75 anos (embora já existisse bem antes de 1935 como Campo da Redenção). Dos espaços públicos de Porto Alegre, este é um dos que mais saudades me dá. Se me demoro apenas um dia na minha cidade e por lá não passo, é como se tivesse deixado escapar algo essencial. Que seja uma caminhada rápida como atalho para a Cidade Baixa, Centro ou o Bom Fim. Não importa.

Poucos lugares como o Parque Farroupilha guardam aquilo que eu imagino tenha sido a alma da cidade um tanto antes de eu nascer. E quando criança, aos sábados e domingos, ao levarmos as nossas bicicletas e bolas de futebol para brincar, era como se nos dirígissemos a um centro de atração natural. Descíamos as lombas da Santo Antônio ou da João Telles, e já estávamos em território de livre e urbana movimentação.

O Parque e seus arredores também possui elementos arquitetônicos e visuais que desde cedo me chamaram a atenção. A arquitetura modernista da Reitoria da UFRGS e o anfiteatro (então a céu aberto) do Auditório Araújo Vianna me remetiam a um passado recente por mim não vivido que também eram a expectativa de um futuro próximo a se viver. Da mesma forma, o Monumento ao Expedicionário fazia e faz as vezes de um Arco do Triunfo local.

Tantos pequenos recantos, monumentos e bustos (hoje criminosamente depredados sem que haja manifestação oficial ou indignação pública alguma) que se tornaria uma tarefa cansativa descrevê-los: O lago com os pedalinhos, o orquidário, o recanto oriental, o espelho d'água, a rosa-dos-ventos no recanto solar onde meu pai nos ensinou as noções de norte, sul, leste e oeste...

Suas diversas árvores frondosas e floridas são até hoje motivo de curiosidade pra mim. Sempre há uma que floresceu: ipê-roxo, amarelo, jacarandá, guapuruvu, paineira... E também tem o passarinho que canta ou pula à minha frente.

O Parque Farroupilha é e continuará sendo pra mim o modelo de parque urbano que me convida a conhecer os agradáveis e interessantes parques que existem por aí. Longa vida ao Parque Farroupilha! E que ele seja muito melhor cuidado e apreciado pelos seus visitantes. O parque merece.

escultura na rua

Na sacada de um prédio antigo na Avenida Independência: Escultura na Rua de Antônio Augusto.

lembrança de cidade

Eu, meus pais e irmão junto à Lagoa dos Patos, em São Lourenço do Sul. Naquele verão de 1987 me assustei com a possibilidade do final do universo (naquela época estava vidrado pelas revistas astronômicas que falavam sobre o início e o final dos tempos).  O simples ato de olhar o céu estrelado na praia lacustre  me causava vertigens. Também foi quando minha mãe nos acordou no meio da madrugada para vermos uma estrela de magnitude imensa brilhando entre a escuridão noturna. Depois vim a saber que aquilo era uma supernova em processo de extinção. Evento importante e  registrado nos anais da astronomia de todos os tempos...

A cidade era calma, pequena e espalhada. Figueiras aqui e acolá. Cheia de recantos esparsos ao longo da lagoa e dos pequenos rios que nela desaguam. Talvez a sensação de que aquilo era um exemplo vivido de encontro com a felicidade me causasse o desejo ansioso de que nada tivesse fim. Eu tinha nove anos.

caminhão de verduras

Foto de Antônio Augusto

é preciso surpreender

Cidade boa é aquela que sempre é capaz de te surpreender. Mesmo se, por improvável acaso,  fosse possível conhecer todos os seus cantos mais obscuros, ainda assim ela teria a possibilidade de nos oferecer a face enigmática de um organismo móvel no tempo.
Labirinto inacabado cujo centro nunca há de se deixar revelar.
Cada habitante-visitante que trace o seu caminho. Que faça as suas incursões de procura e fuga.

elis vive!

Acabo de receber um e-mail do Antônio Augusto, com algumas fotos que ele tirou de fotografias expostas, em sua visita ao Memorial Elis Regina, há pouco inaugurado na Casa de Cultura Mário Quintana. Me surpreendi, particularmente, com esta imagem acima. Este muro fica ao lado do Edifício Independência, onde morávamos. Temos, inclusive, uma foto em que o grupo de crianças do nosso prédio (nós dois incluídos) está sentado nas escadas que dão acesso ao edifício e, ao fundo, pode se ver exatamente o mesmo muro com a mesma inscrição - em algum mês do já distante 1982.  Provavelmente na segunda metade, a se levar em consideração a propaganda eleitoral para governador do estado. Naquele ano, eu lembro, vários muros em Porto Alegre foram pichados com esses dizeres esperançosos.

Aproveito, portanto, pra pedir ao Antônio Augusto que localize a foto que nos situa na história recente da cultura urbana e musical brasileira... Em breve ela será publicada neste mesmo espaço!

Porto Alegre - anos 70

Rua da Praia - autor desconhecido

Mais uma foto do centro porto-alegrense em meados da década de setenta do século passado. Na época natalina, o olhar das pessoas revela um ritmo menos preocupado a se comparar com os nossos dias.