estranhos feriados

Sair às ruas em dia de copa do mundo:
tudo engarrafado,
euforia por todo lugar,
som de vuvuzelas tão longe quanto perto;
silenciosos momentos a seguir.
Aflição e gol.
Brasil mais Brasil do que nunca.

E mais belas e espúrias  ilusões pela frente.
(E assim por diante...)

fervor da metrópole

 Marquise do Parque Ibirapuera

Outra exposição pra olhar a cidade: "Fervor da Metrópole", do fotógrafo e pintor espanhol José Manuel Ballester. Ao ver as fotos, fiquei com a impressão de estar diante daqueles cenários kubrickianos de 2001 e Laranja Mecânica. A calma, a imobilidade e o silêncio depois do suposto fim das utopias urbanas. No futuro que o passado previu, labirintos de prédios e as arquiteturas de Niemeyer e Lina Bo Bardi dão o tom.

Na Pinacoteca, em São Paulo.

Pra ver o trabalho do artista:  http://www.josemanuelballester.com/

sozinho no parque

Teve uma época em que eu gostava de correr pelos parques de Porto Alegre. Aliás, gosto de correr até hoje. É só o hábito que não se faz fácil de resgatar.
 Por sinal, lembro de uma vez em que chovia a cântaros e eu, solitário na vastidão planejada, corria gritando meus cantos de alegria por aí.

geometria lírica das fachadas

Exposição da Anna Mariani no Instituto Moreira Salles em São Paulo. Lindíssima incursão fotográfica pelas cidadezinhas do sertão nordestino. Fachadas e platibandas do Brasil interior. Gostaria de ver tudo isso de perto. Tanto a exposição quanto os lugares e construções vivas que aparecem como personagens da mostra.

http://ims.uol.com.br/galeria/annamariani/annamariani.html

mapa das árvores

(ipê-roxo -  Foto de Luciano Ogura)

Taí uma proposta muito simples e inteligente: aproximar a população às árvores espalhadas pelas ruas, parques e praças da cidade.  Caminhar por aí tendo esses personagens do mundo vegetal como os protagonistas do passeio.

Só espero que o pessoal à frente do projeto "Árvores Vivas", em São Paulo, esteja à altura do que propõe e que este não seja mais um daqueles marketings disfarçados de nobres intenções. De qualquer maneira, a ideia com certeza me atrai.

Mais detalhes e belas fotos de árvores urbanas: http://catracalivre.folha.uol.com.br/2010/06/mapa-das-arvores/

variáveis

Na curva,
no fio,
na lasca da rua.

Sobre o terraço,
laje
ou cumeeira.

Placas,
lápides,
letreiros
e inscrições

Degraus
do ônibus,
galerias,
repartição. 

Escuro do
dia,
travessia
da casa.

Caminho adiante,
sem pavimento,
só na imaginação.

multidão inerte

Saí por aí em ruas desertas,
praças, parques e canteiros vazios.
Jornaleiro nenhum,
nem sombra de um bar aberto.

cidadezinhas

As cidades pequenas têm a minha total simpatia e devoção. Hoje, pelo menos, quero esquecer o universo encalacrado das capitais e metrópoles e me deixar acalmar na sombra de uma mangueira de qualquer cidadezinha brasileira. Quem sabe, ainda melhor, uma cerveja bem gelada dentro de um bar modesto escutando ao longe a conversa cotidiana dos seus frequentadores locais. Vida mais tranquila e fluida. Tamanhos humanos de cidade. Pra que milhões de habitantes?