Wednesday, December 16, 2009

A última viagem de bonde

Foto tirada no exato dia em que os bondes foram extintos em Porto Alegre: 8 de março de 1970.

Wednesday, December 09, 2009

Apartheid social

Reproduzo texto de Fernando de Barros e Silva publicado na FSP de hoje. Trata de várias questões recorrentes ao longo deste blog.
"Por obra de uma inusitada e persistente ocupação de grupos teatrais, a praça Roosevelt, no centro da cidade, se converteu num lugar de rara vitalidade artística. Existem hoje ali, vizinhos da prostituição, rodeados pelo tráfico e misturados aos moradores de rua, mais de 30 grupos, apresentando-se, em variados horários, em sete salas de teatro, onde há bares contíguos, além de uma livraria.
É uma experiência coletiva que desafia o processo de degradação do centro. E está na contramão do teatrão empresarial, das salas protegidas dos shopping centers, das casas de espetáculos com nome de banco -da gestão mercadista da cultura que visa reduzi-la a uma espécie de academia de ginástica para a alma.
À margem de tempos tão caretas, a Roosevelt se tornou um espaço de convívio boêmio, um caldeirão cultural com inegável vocação democrática. O assalto do sábado, no qual o dramaturgo Mário Bortolotto foi baleado -e felizmente se recupera bem-, inflamou debates e polêmicas sobre a vida e o futuro da praça.Estigmatizar o local seria o maior equívoco.
Mas há também o risco oposto. Sim, é o caso de exigir do Estado melhores condições de segurança, mas não mais do que para o resto da cidade. Revitalizar o espaço sem excluir socialmente não é o difícil desafio que desde o início anima os que ali se instalaram?Ninguém deve morrer baleado -na Roosevelt ou em outra parte-, mas a relevância do que se passa lá depende da sua conexão com a sujeira das ruas, da sua capacidade de dramatizar a cidade conflagrada.
Que se pense, por exemplo, na Sala São Paulo, a casa da Osesp, orgulho paulistano. Ela fica no coração da cracolândia. Na geografia mental da burguesia que a frequenta, o templo da música não se localiza no centro, mas numa imaginária estação final, à qual se chega de carro, de preferência blindado, e de onde se sai logo depois de saciar o espírito, sem arriscar contato com o entorno. Quem seria louco de passear na região da futura Nova Luz? Há exemplo mais cabal de apartheid social -ou de cidade conflagrada?"

Monday, December 07, 2009

antes do temporal chegar

Hoje começou a Cúpula do Clima em Copenhage. Muito bafafá e retórica jurídico-internacional pra dizer que vai ficar tudo como está. O que importa, na verdade, são as delegações que cada país e ONGs da vida enviam. Dezenas de milhares! Todo mundo querendo embarcar nesse trem da alegria das discussões supostamente bem intencionadas que aceitam manter o nível de emissão de CO 2 e de desmatamento em padrões estratosféricos. Parece que ontem já havia um contingente tão gigantesco de pessoas na capital dinamarquesa, capaz de acusar os limites das conexões de internet e antenas de celular da região. Quer dizer, como se falar de postura ecológica se a própria convenção destinada a discutir este assunto, por si só, já evidencia a desproporção monstruosa que subjaz à toda prática massificada de nossa época?
Depois de encerrada a cúpula, que certamente não resolverá o problema crucial e inegável do aquecimento do planeta, pelo menos muita gente terá se divertido e aproveitado o bastante. Todo esse circo me faz lembrar do deslumbramento estéril daqueles fóruns sociais do início da década que ora termina. Ideias e vontades escassas perante uma multidão sedenta de crachás.
Enquanto isso, para falar de minha aldeia, nunca houve tantos temporais e prejuízos climáticos no estado do Rio Grande do Sul, como neste ano de 2009.
Não precisaria nem dizer que o assunto é sério.
Foto de Antônio Augusto.

Thursday, December 03, 2009

Porto Alegre - ano 1975 (2)


Foto: Henry

Porto Alegre - ano 1975 (1)

Foto: Henry