Tuesday, September 22, 2009

Centro noturno


Até bem pouco tempo atrás, o Centro de Porto Alegre era um lugar amedrontador para os homens que caminham - essa espécie ameaçadíssima de extinção. Lembro-me de voltar da Casa de Cultura com aquela sensação de alívio logo após cruzar a Praça Dom Feliciano e a Santa Casa. Assim, pensava ingenuamente eu, ao vencer a fronteira a divisar o Centro e a Independência, ingressava em bairro mais seguro e por mim conhecido.

Infelizmente, nos dias correntes, por essas ironias e reviravoltas da história recente, a Independência, junto com o Bom Fim e Moinhos de Vento, viraram localidades onde a classe média se vê cada mais acuada diante da escalada da criminalidade urbana e o paralelo desmantelamento da segurança pública. Por outro lado, o Centro tornou-se um dos últimos recantos onde ainda se pode perceber, sem muito receio, um pouco da antiga e boa alma porto-alegrense.

Mas como poderia ser diferente se os espaços públicos da nossa cidade estão cada vez mais às moscas? O trajeto típico do homem medianamente burguês pode ser resumido na previsível equação: casa-carro-trabalho-carro-shopping-carro-casa. Além disso temos os condomínios fechados e os restaurantes supostamente refinados com leões-de-chácara na porta para assegurar que ABSOLUTAMENTE NADA sairá do espectro da previsibilidade e da total falta de imaginação.

Vamos mudar de assunto e passear no Centro?


Rua da Praia
Foto de Antônio Augusto

Sunday, September 13, 2009

águas de setembro


A semana que passou deu início a mais uma temporada de chuvas no sul e sudeste brasileiro...
Soluções viáveis à vista para solos cada vez mais impermeabilizados, assoreamentos, deslizamentos e delinquências predatórias em geral?
Parque Farroupilha, 12 de setembro, Porto Alegre.
Foto de Antônio Augusto.

Tuesday, September 08, 2009

Sobre o fantasioso e certos fascismos


Há cerca de dois meses os malabaristas de Florianópolis foram impedidos pela Prefeitura de fazer do tráfego das vias da cidade um lugar menos duro e chão.
São práticas fascistas como esta que nos relegam ao estatuto de meros sobreviventes trancafiados a papéis sociais tão-somente reprodutores, sem espaço possível de qualquer respiro pra imaginação. O grande perigo dos artistas de rua - devem pensar os tecnocratas de plantão - estaria justamente no fato de nos distrair e, ao menos temporariamente, nos distanciar dessa postura repetitiva e maquinal tão típica das cidades de hoje onde o simples ato de descansar no banco da praça é visto como coisa pra aposentado ou vagabundo.

Pois, pra contrastar um pouco tamanha perversidade travestida de "marco regulatório", uma imagem do feérico colorido do homem das pernas de pau, admirado pela criança, no centro de Porto Alegre.

Foto (e sugestão para a postagem) de Antônio Augusto.