Tuesday, September 08, 2009

Sobre o fantasioso e certos fascismos


Há cerca de dois meses os malabaristas de Florianópolis foram impedidos pela Prefeitura de fazer do tráfego das vias da cidade um lugar menos duro e chão.
São práticas fascistas como esta que nos relegam ao estatuto de meros sobreviventes trancafiados a papéis sociais tão-somente reprodutores, sem espaço possível de qualquer respiro pra imaginação. O grande perigo dos artistas de rua - devem pensar os tecnocratas de plantão - estaria justamente no fato de nos distrair e, ao menos temporariamente, nos distanciar dessa postura repetitiva e maquinal tão típica das cidades de hoje onde o simples ato de descansar no banco da praça é visto como coisa pra aposentado ou vagabundo.

Pois, pra contrastar um pouco tamanha perversidade travestida de "marco regulatório", uma imagem do feérico colorido do homem das pernas de pau, admirado pela criança, no centro de Porto Alegre.

Foto (e sugestão para a postagem) de Antônio Augusto.

3 Comments:

Blogger Gil Maulin said...

é porque somos mais "higiênicos" que os argentinos!!!

9/08/2009 6:55 PM  
Blogger Luís Filipe said...

Higienização é a triste divisa de cidades como Florianópolis,sem qualquer vocação histórica e cultural para sustentar espaços públicos, e todas as consequências deles advindas (umas mais cheirosas e geométricas, e outras nem tanto - como tudo, aliás, que resulta do humano).

Reproduzo um trecho da reportagem da Folha Online de 21/07:


Segundo o secretário José Carlos Rauen, a portaria segue as leis trabalhistas e municipais, que determinam que quem utiliza o espaço público para trabalhar tenha CNPJ, endereço fixo, alvará de funcionamento e realize a emissão de nota fiscal.

Na primeira abordagem, os fiscais apreendem os equipamentos dos artistas, que só podem ser retirados mediante o pagamento de uma taxa de R$ 465. Cerca de 50 malabares já foram apreendidos.

Caso haja reincidência, o artista deve assinar um termo circunstanciado em uma delegacia --nesse caso, ele responde por crime de pequeno potencial ofensivo, julgado em audiência de conciliação e, em geral, punido com penas alternativas. Numa terceira abordagem, o artista pode ser preso ou deportado (se for estrangeiro).

De acordo com Rauen, que editou a portaria, muitos moradores reclamaram da ação dos malabaristas à prefeitura. A portaria, diz ele, além de seguir a legislação trabalhista, quer promover a segurança no trânsito --"fica aquela atrapalhação no semáforo"-- e acabar com a "poluição visual dinâmica" causada pelos artistas.

"O problema é que essas pessoas não têm qualquer vínculo e aí ficam dormindo nas praças. Dizem que são artistas de rua. Será que é esse tipo de gente que queremos na nossa cidade?", questiona o secretário.

Segundo Rauen, depois que a portaria foi editada, os artistas sumiram da cidade. "As pessoas estão mais felizes, com o moral mais elevado", afirma.

9/08/2009 10:14 PM  
Blogger Gil Maulin said...

repito: TEMPO MAIS VAGABUNDO ESTE!!!!!

9/08/2009 10:27 PM  

Post a Comment

<< Home