Wednesday, October 28, 2009

série personagens urbanos (introdução)

Há situações em que me vejo imerso em cenas de cinema vivo e real. De repente estou ali, bem diante de um personagem rico em bagagem de ações e gestos característicos que remontam para bastante aquém de nosso tempo. Pessoas e funções muito dignas e interessantes. Verdadeiros repositórios individuais que - cada qual à sua maneira - recriam uma tradição urbana sempre em xeque. Garçons, pipoqueiros, lixeiros, certo tipo de porteiro, afiadores de faca, sapateiros, engraxates, carteiros... Algumas dessas atividades já estão seriamente ameaçadas de extinção. Alguém, por exemplo e acaso, tem visto os bilheteiros quando vai ao cinema? Ora bolas. Não vale exercer o ofício por si só. Tem que "vestir a camiseta" pra honrar a profissão. Garçons por aí há aos magotes, poucos porém merecem a alcunha. Mas deixemos essas discussões para os próximos capítulos...
Queremos, ao inaugurar a série, falar um pouquinho mais de perto sobre essas figuras que desde criança nos convidam a ver a cidade como lugar aberto ao intrigante e ao inusitado. Até mesmo quando o fabuloso se disfarça no que há de mais simples e corriqueiro possível - e, diga-se de passagem, na maior parte das vezes é assim.
A cidade, pois, como palco para a vida interessante acontecer.
PS: quem tiver sugestões não se deixe vencer pela preguiça ou timidez!

14 Comments:

Blogger Gil Maulin said...

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10/28/2009 1:36 PM  
Blogger Gil Maulin said...

por aqui, andando pela rua, fiquei pensando nesses personagens e retirando alguns deles para contribuir: as putas, os mendigos, o guardador de carros ou flanelhinha, o barbeiro, o motorista de taxi, o cobrador de ônibus, o cara do bicho, o cafetão, o fura-fila, o paneleiro, o guardinha, o bêbado da esquina, a colegial, o feirante...

10/28/2009 1:38 PM  
Blogger Luís Filipe said...

É verdade Gil. Por sinal, quero muito estar aí em Vitória pra ver como essa cidade pulsa.

10/28/2009 4:28 PM  
Blogger Gil Maulin said...

ainda tem o fotógrafo do lambe-lambe!!!! vi isso nesta cidade que respira muito esses ares primevos da urbanidade.
e além do mais, por aqui, existe o pedestre!!!! por mais que os carros mudernos da burguesia local se infiltrem sobre as faixas de segurança!

10/28/2009 5:33 PM  
Blogger Luís Filipe said...

Coisa boa!! Juro que estou com uma vontade danada de ir pra Vitória no verão que se avizinha.
Isso que falaste a respeito dos "ares primevos da urbanidade" é fundamental.
Acho que as cidades mais interessantes são aquelas que ao se modernizarem nem por isso precisam "arrancar do mapa" lugares e práticas anteriores.
É neste sentido que vejo o Rio de Janeiro como uma cidade mais atenta com relação ao seu passado mas que não está atrelada a ele, ou, em uma hipótese pior ainda, sobrevive porque vampiriza seus melhores dias já passados.
Buenos Aires, embora inegavelmente interessante e linda, me pareceu uma cidade-museu.
Será que Vitória retém melhor o seu passado em comparação às grandes e médias cidades do sul?

10/28/2009 5:41 PM  
Blogger Gil Maulin said...

venha, e veja por você mesmo!!!

aos poucos vou chegando por aqui. lendo material histórico pra entender um pouco da formaçao cultural tanto do estado, como da cidade.

mas me parece uma cidade que tem muito sobre o que se falar. depois mando fotos que ainda não fiz.

10/28/2009 8:03 PM  
Blogger Luís Filipe said...

Pode crer Gil! Quem sabe Vitória não se transforma ainda no personagem-cenário de nossas andanças-diálogos à procura de uma página a ser escrita?

10/28/2009 9:55 PM  
Blogger c. said...

Desde que fui ao Rio pela primeira vez, sempre tive vontade de saber mais de um personagem próprio: os porteiros dos prédios do Rio, sentados pra fora das grades que protegem não se sabe bem quem.

10/29/2009 11:59 AM  
Blogger c. said...

E pra atualizar no meu imaginário os personagens urbanos, Granada sempre me surpreende com seus loucos pela rua, repetem frases em voz alta, gesticulam e apontam os dedos para o alto, discursam para um público dentro de si.

10/29/2009 12:02 PM  
Blogger Gil Maulin said...

Camila, vc me fez lembrar de uma dessas figuras que ficava andando de um lado para o outro, lá na rua xv, gritando e apontando o dedo para o alto.

quanto aos porteiros do Rio... bem, o negócio deles não é proteger ninguém, mas ter uma função que desperte algum interesse nas empregadas domésticas!
pelo menos foi isso que disse um porteiro antigo lá nos idos da Tijuca.

10/29/2009 1:19 PM  
Blogger Luís Filipe said...

Muito bom! Queria ver de perto esses loucos falantes de Granada! Os porteiros do Rio são um capítulo à parte realmente. Tenho uma lembrança viva e afetuosa por dois porteiros do Edifício Independência onde morei até me mudar pra Florianópolis. Um se chama(va) Hermindo e o outro Homero. O primeiro, colorado, trabalhava no turno da manhã, enquanto o homônimo do bardo, gremista, passava as noites e madrugadas com seu radinho do lado. Depois de muito tempo vim a saber que eram primos em primeiro grau!
Até hoje, quando passo em frente do edifício, fico uns dez ou quinze minutos botando o assunto em dia com eles.
Hermindo e Homero! Verdadeiros símbolos não só da vizinhança, mas de toda aquela área do bairro Independência!

10/29/2009 2:27 PM  
Blogger Luís Filipe said...

A propósito, uma boa canção de fundo, a servir de leitmotiv pra série que se inicia é "Brejo da Cruz" do nosso velho Chico.

10/29/2009 4:00 PM  
Blogger Infesta said...

Este fim de semana de mt sol e calor me fez lembrar dos vendedores de Mate e limonada (pasmem!!) em tonéis de alumínio nas praias do Rio de Janeiro. Velhos conhecidos meus de infância, ainda figuram pelas praias de lá gritando sem parar: "é o limão e mate!!! olha o limão e mate!!!"

11/03/2009 9:02 PM  
Blogger Luís Filipe said...

Ótima e bela lembrança! Já que aderi à chicomania, tem aquela famosa: "Vivo de biscate e queres que eu te sustente
Se eu ganhar algum vendendo mate
Dou-te uns badulaques de repente
Andas de pareô, eu sigo inadimplente (...)"...

11/04/2009 8:32 PM  

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